Na vida, o que de fato aprendemos sobre gestão de tempo?
O que a escola tem com isso?
Como relacionei a Área de Educação, o Mercado de Trabalho e a Gestão do Tempo?
Essa pergunta veio a tona na minha cabeça, hoje, domingo, pela manhã, por “culpa” rs de minha filha que me impulsionou a acordar às 5 horas da manhã num domingo para levá-la na casa de um amigo/carona para uma competição de atletismo da universidade…uff … somente de digitar até aqui, já é possível se cansar, não é mesmo?
Então, após essa demanda cumprida [às 5 horas da manhã de domingo], resolvi que eu ia “aproveitar o tempo” e fiz uma caminhada. Depois, quando percebi, às 10 horas da manhã, quando o resto dos familiares da casa começaram a acordar, é que me dei conta que:
1- Acordei as 5 horas da manhã de domingo rs
2- Tomei café puro e registrei meu diário da fibromialgia
3- Liguei o computador e escrevi mais uma parte de um relatório que devo entregar nessa semana, ouvindo músicas novas no Spotify
4- Fiz uma pausa guiada por uma aula de meditação online (EU FIZ MEDITAÇÃO UHUU!)
5- Fiz uma aula online de francês (EU RETOMEI MINHAS AULAS DE FRANCÊS PARA A PROVA DO DOUTORADO, UHUU!)
6- Juntei novas referências para a retomada do Projeto de Doutorado, Yeah!!!
7- Fiz este post 😉
8- Retomei o relatório às 11h00 da manhã.
Nem acredito o quanto é possível aproveitar o tempo, quando se aproveita o tempo com o que realmente importa, sem lengalenga pra começar, direto ao ponto! “Quer fazer algo? Faça. Comece. Depois ajusta em próxima prática, mas começa, faça já, Cinthia” esse foi meu mantra mentalizado o tempo todo nessa manhã.
E o que eu aprendi dessa experiencia?
1- APRENDI QUE É FUNDAMENTAL PENSAR EM COMO SE GASTA O TEMPO. TEMPO É O MAIOR TESOURO QUE TEMOS.
Tenho ouvido todos os dias, falarem sobre o tempo de cada dia, que está menor, ou que o ano passa cada vez mais rápido, ou o dia terminou e não consegui fazer nem metade do programado… E tenho visto as pessoas [inclusive eu] adoecendo por causa disso.
De fato somos péssimos em gerir o tempo, hoje descobri, que somos péssimos em fazer escolhas sobre como usaremos o tempo, sem se arrepender depois. É, sem se arrepender, pois tempo vivido, é tempo que não volta.
Não aprendemos nada sobre essa reflexão, simplesmente porque é fato, aqui no Brasil, essa é uma lacuna de aprendizagem mesmo.
Desde a escola, percebemos que o tempo todo do currículo, que corresponde o como cada aluno vai passar o tempo na escola, é pauta quando muito, dos professores na semana de planejamento…. e sabemos né, que somos excelentes em planejamento … (sem generalizar), mas em acompanhar e garantir a concretização do que se planeja, somos péssimos em geral.
Não aprendemos a fazer isso, e muitos dos educadores colegas meus, se mostram fechados em aprender com outras áreas que desenvolveram instrumentos, práticas para garantir a concretização de projetos, um exemplo, a área corporativa. Outro problema que percebo aqui a superar, é o fato de que muitos profissionais da educação, não todos claro, possuírem um “ego” capaz de os afastarem do principal instrumento de sua profissão, que é o “querer aprender”. Não querem aprender, não querem ouvir ninguém, não querem fazer diferente, são aversos à mudança, não querem sobretudo explorar o conhecimento acumulado por outras áreas e seus profissionais.
O problema que vejo aqui é que damos tanto valor ao conhecimento (e qual conhecimento heim, damos valor?) damos tanto valor a determinadas tarefas e tradições, damos valor a tanta informação e determinadas práticas que automatizamos no dia a dia, que acabamos por não valorizar a gestão do tempo e o como o preenchemos, ou com quais escolhas criamos e reproduzimos nossas rotinas.
Um tempo vivido é tempo vivido, não dá para voltar atrás, não dá!
2- APRENDI A BUSCAR EM OUTRAS ÁREAS E PRÁTICAS, A INSPIRAÇÃO PARA PRODUZIR, PARA REFLETIR SOBRE COISAS DO TRABALHO.
Como estou envolvida em minha nova atividade de empreendedorismo, busquei recentemente muitas informações na área corporativa, na Área de Administração. Percebi que desde o planejamento de um novo negócio, um gestor pode acessar ferramentas de controle do tempo. Isso é essencial, pois sobretudo, tempo é dinheiro. Penso com clareza hoje que se naquela hora estou desenvolvendo uma atividade, ela me custa um tempo o qual poderia estar envolvida em outra atividade…e penso então, qual escolha é a mais acertada, considerando meu conjunto de valores, minhas prioridades, a questão da ecologia familiar, enfim e ainda, sobre os resultados possíveis dessa atividade ou outra no lugar, penso qual garantirá um resultado mais adequado as minhas atuais necessidades?
Na área de Administração, também na área de Gestão da Qualidade, um exemplo, existem há muito tempo, ferramentas de controle de como desenvolvemos qualquer planejamento/plano/projeto, no sentido de verificar se tais práticas estão retornando o resultado esperado, pois assim, há tempo de corrigir as ações e suas atividades, e melhor aproveitar o tempo. Desde kanban, PDCA, Canvas, Design Thinking, Waterfall, PMBOK, Scrum, Six Sigma dentre várias outras ferramentas e até aplicativos hoje em dia, como o MindMeister, Toggl, a construção de planners e planilhas de resultados, olha… são inúmeras as possibilidades.
Outra coisa que observo aqui, é que essas ferramentas são poderosas, por mostrarem com clareza o que precisamos corrigir e nos expõe, fragilidades, erros cometidos … e pronto, a comparação é inevitável, venho da Área da Educação: poucas vezes vi um professor não se incomodar em receber uma crítica ou reconhecer um resultado negativo. Isso é devastador, pois somente supera uma lacuna aquele que consegue enxergar essa lacuna e superá-la, em todos os sentidos, cognitivo, emocional, social, é preciso assumir esse resultado sem o tal “medo de errar” e seguir em frente, avaliar o que deve ser parte da escolha do tempo que está por viver, de modo a decidir no que vai investir tempo para melhorar ou não.
Aprender a gerir tempo e aceitar falhas, erros não tem sido, durante décadas, uma prática na Área de Educação.
Na Educação, nos tornamos craques em “lista de desejos” como disse a Deputada Federal Tábata Amaral para o então Ministro da Educação em Comissão de Educação na Câmara, agora nesse mês de março, puxa que sacudida me deu essa fala!!! Aprendi com essa fala, muito, independentemente de lamentar nossa condição atual na Educação do país.
O que eu entendi perfeitamente: essa cultura da lista de desejos precisa ser superada desde a base. Falamos muito em planejar, mas pouco falamos sobre o que fazer com os péssimos resultados de avaliação, sobre os índices, sobre a relação metas-tempo para alcançá-las e pior, quais decisões e práticas efetivamente vão garantí-las.
Convenhamos, desde a escola, e hoje em dia, infelizmente até no Ministério da Educação, tem muitos ainda que nem a tal lista de desejos garantem. É um tal de copia e cola de PPP apenas para efeitos de regulamentação da situação administrativa da escola junto à Secretaria de Educação a qual responde ou na pior das hipóteses, uma apresentação medíocre de um Plano maior de Educação em uma plenária… A partir daí, muitos desses documentos vão para um armário, gaveta, arquivo perdido no pendrive. Ninguém os toma a finco, ninguém acompanha, ninguém gerencia o tempo para distribuir e dividir tarefas e responsabilidades. Ninguém apura de fato resultados, sobretudo os QUANTITATIVOS.
A rotina é cuidada quando muito na Creche, pois é impossível eu sei, viver o dia a dia na Creche sem uma rotina estabelecida. mas muito se vê, na Creche, rotinas preenchidas e cuidadas com a reprodução de “fazeres” que ninguém escolheu com base em planejamento a longo prazo. Ou seja se tem a rotina praticada e conferida, mas ainda muito presa a uma perspectiva mecanicista de educação. E quando avançamos no Ensino Fundamental, o contrário acontece, muito planejamento a longo prazo, copiado ou não, muitas listas de desejos, mas nenhuma gestão da rotina e pergunto… como se garante resultados? Quem avalia de fato os resultados? Quem propõe mudar o planejamento? Quem anda com o plano no bolso, bolsa, todo rabiscado de tanto ser revisto?
3- APRENDI QUE PERDEMOS MUITO QUANDO “ACORDAMOS TARDE DEMAIS” OU QUANDO NÃO PLANEJAMOS O USO DO TEMPO, E PIOR AINDA É QUANDO NÃO PRATICAMOS O PLANEJADO. ENTENDI QUE A ESCOLA NÃO PRATICA NADA DISSO, SÓ FICA NO PLANEJAMENTO …
Pois bem, lembrei-me dos conteúdos de Pedagogia, fui atrás deles, de tão perturbada que fiquei com a questão. E fiquei decepcionada em saber que eu mesma fiz parte de uma leva de professores formadores de professores que sem dúvida considerou muito o ensino dos diferentes tipos de Planos, como Plano de Ensino, Plano de aula, Método de Projetos, Projetos Interdisciplinares, Projeto Político Pedagógico, ai ai… muitos tipos de instrumentos para planejar, poucos para avaliar, poucos para apurar e nenhum para gerir o tempo, nenhum para ensinar a decidir sobre a fórmula gestão de tempo x resultados.
Penso com clareza, que mais do que tudo, se começamos alguma transformação no mundo, é porque já fomos capazes de iniciar essa transformação dentro de nós. Por isso hoje foi mais um dia em que essa questão latejante em minha mente, veio a tona não apenas para me provocar a dizer-lhes o que formulo em pensamento, mas principalmente para me deslocar para uma “outra Cinthia”. Quero ser melhor, melhorar resultados e inevitavelmente quero ser capaz de fazer escolhas melhores sobre o uso do tempo e do tempo dos que são afetados por minhas escolhas.
Pensando em como operacionalizar minhas rotinas, criei esse mecanismo que estou testando para mim no dia a dia e que você pode tentar usar, ou ainda melhor, se inspirar e criar o seu próprio mecanismo.
Que tal compartilhar comigo, sua reflexão a respeito desse post, desse conteúdo?
Pensei sobretudo o quanto podemos melhorar no futuro, o mundo do trabalho, fomentando maior poder de realização a partir do “poder de concretização” das pessoas, sabedoras de gestão do tempo e de resultados. Imagina cada área, cada profissão, contar com times altamente capazes de avaliar, corrigir e melhorar performance?
Eu gostaria muito de receber contribuições e aprender com você que é meu interlocutor. Espero com carinho sua ajuda, para eu pensar sobre como podemos melhorar nisso tudo. Deixe sua reflexão, seu comentário. Vamos conversar!